A viúva revela as duas atitudes fundamentais da Igreja (noiva) diante de Cristo (noivo): a espera na esperança e a certeza do encontro. O amor conjugal ferido pela ausência material continua purificado pela dor e sublimado na memória, preparando o reencontro. Ele revive sua experiência internamente, iluminando-a com amor eterno.
A vida de casado é uma educação progressiva para um novo modo de ser, onde a ausência temporária marcada pela dor dilacerante da separação dá lugar a um vínculo espiritual que incorpora o que já foi vivido em um novo modo de viver; nas relações, tanto familiares, profissionais como sociais, semeia um novo amor cuja doçura e grandeza vão além do que se vê e vivencia através dos sentidos.
A dimensão espiritual do amor ilumina e torna fecundas as relações com novos rebentos, novas sensações nas quais o amor de Deus preenche os vazios da solidão. A viúva, especialmente se vive a experiência do Ordo Viduarum, vive fortemente o dom da caridade no seu ambiente familiar, prestando atenção a quem mais precisa e reacendendo a chama da esperança nos seus corações. Em segundo lugar, está aberta às necessidades dos outros, com uma acção constante de serviço e de apoio a quem não é capaz de superar sozinho as dificuldades da vida e precisa de uma mão amiga. A viúva atua como uma presença amiga que ajuda e apoia quem está em situação de risco e dificuldade. Mas onde ela encontra forças para uma missão tão exposta, que carrega no coração a própria fragilidade? Jesus disse a Santa Catarina de Sena numa de suas aparições: “Torne-se capaz e eu me tornarei uma torrente”. Aqui está o segredo: fortalecer-se com a força de Cristo.
O quê?... Não entendi mal. E o que é esse Ordo Viduarum?... e depois dê esse latim! Sim; disseram-me que em alguns países europeus o latim é hoje mais estudado do que na Itália; mas ainda é uma língua morta... mesmo que o italiano, com o francês, o espanhol, o romancho etc. sejam línguas neo-latinas. Porém, acho que hoje não está “na moda” falar do Ordo Viduarum. Bem! Vamos ver do que se trata...
Nove meses após a sua eleição, o Papa Francisco disse a Andrea Tornielli, jornalista do La Stampa de Turim, os seus sentimentos sobre a celebração do Natal. Na sua longa conversa com o Papa, Tornielli abordou os problemas da fome no mundo, o sofrimento das crianças e as tensões internacionais. A conversa foi longa e fez uma série de perguntas com respostas muito esclarecedoras sobre os problemas da humanidade, que ainda hoje são muito relevantes. Dessa entrevista aprendemos duas passagens que podem nos ajudar a viver o Natal do Redentor com sentimentos renovados neste ano de 2017.
Naquela ocasião, Andrea Tornielli havia relatado que durante a longa conversa «duas vezes aquela serenidade que o mundo inteiro conheceu desapareceu do rosto de Francisco, quando ele mencionou o sofrimento inocente das crianças e falou da tragédia da fome no mundo». Duas realidades de dramática relevância ainda hoje. Leiamos este eco que se torna grito atual.