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de Madre Anna Maria Cánopi

O Senhor tem planos desconhecidos para nós e sempre surpreendentes. A árvore enraizada na rocha da ilha de San Giulio, que crescera de forma imprevisível, estava pronta para transplantar alguns brotos para outro lugar. E foram muitos os bispos que vieram pedir-nos – quase para nos implorar – que déssemos a nossa presença também às suas dioceses. Entre os numerosos e contínuos pedidos conseguimos satisfazer alguns.
No Vale de Aosta nasceu o Priorado «Regina Pacis» em 12 de outubro de 2002. O mosteiro é criado a partir da renovação de algumas rústicas "fazendas" medievais dos cónegos do Grande São Bernardo. Como num berço, rodeado de montanhas, junto à Casa Hospitaleira dos Cónegos, a comunidade “Regina Pacis”, inicialmente composta por sete membros, também foi crescendo gradualmente. Agora existem cerca de quinze freiras. As atividades que desenvolvem são, em certa medida, algumas das já aprendidas na abadia da ilha, nomeadamente vestimentas sagradas, ícones e ofícios diversos.

A maior alegria que tiveram aquelas nossas irmãs foi a visita dos dois últimos Papas: João Paulo II e Bento XVI. Na verdade, enquanto estavam passando as férias de verão no Vale de Aosta, não muito longe de Saint-Oyen, gentilmente foram, em particular, visitar o mosteiro. Não escondo a satisfação que sinto, também porque esta comunidade monástica é a filha primogênita da abadia «Mater Ecclesiae». Depois de alguns anos, em 2007, o insistente convite do bispo de Cuneo-Fossano convenceu-nos a nos colocarmos à disposição. dar continuidade à vida no mosteiro cisterciense da Annunziata em Fossano. As últimas três freiras idosas aceitaram com alegria o novo crescimento da vida e ali também foi estabelecido um Priorado Beneditino. Mesmo em Fossano a comunidade cresce em número e se consolida; o edifício antigo, a necessitar de muitas obras de restauro e de sistemas essenciais, apresenta-se cada vez mais acolhedor.
O mais significativo, que demonstra como estes fundamentos são também desejados pelo Senhor, é precisamente a sua irradiação espiritual tanto na diocese como fora dela.
Precisamente porque o primum da vida beneditina é a oração, também o trabalho recebe dela a marca de um serviço divino, de um culto prestado a Deus através do envolvimento de todas as potencialidades naturais e espirituais.
A comunidade de Fossano também tem a sua beleza comovente na harmonia que se criou entre os elementos idosos e jovens, no respeito mútuo e na benevolência. E as muitas pessoas que permaneceram afetuosamente ligadas ao mosteiro onde frequentavam a escola foram edificadas espiritualmente. Agora nossas freiras embalam os anfitriões, realizam diversos outros serviços e estão iniciando algumas atividades artísticas e artesanais. Antes de mais nada, porém, dão nova vida à liturgia, fazendo ressoar no coro a voz da Igreja, sempre uma jovem noiva que louva o seu Senhor.
Outro pedido urgente, que teve de ser acatado, foi o do bispo de Ferrara.
Como Paulo em viagem, chamado numa visão por um macedônio, ele teve que mudar de direção - "Venha para a Macedônia e ajude-nos!" (Atos 16,9) – então concordamos em ir também em auxílio do mosteiro de «Sant'Antonio abate in Polesine» em Ferrara. A Santa Sé nomeou uma das nossas freiras, assistida por duas irmãs conselheiras, como comissária pontifícia. Os sacrifícios foram abundantes, mas já deram origem a novas vocações e, portanto, esperança para o futuro. Os idosos e os muito idosos (com mais de 100, 90 e 80 anos!) parecem ter voltado à primavera e caminham serenamente rumo à infância espiritual que os introduz no Reino dos céus.
Devo dizer também que entretanto os meus anos também vão aumentando... Até hoje, porém, o Senhor preserva em mim agilidade física e mental suficiente para acompanhar todas as comunidades e visitá-las nas suas localidades. Então vou do lago, para as montanhas, para as colinas, para o Vale do Pó... Como também existe a possibilidade de comunicação telefónica ou postal, as relações podem ser mantidas de tal forma que possamos sentir que ainda estamos em movimento , dia após dia, todos juntos. E é uma grande festa quando - nas circunstâncias das profissões solenes ou de outros aniversários importantes - as irmãs voltam à ilha por sua vez... "em missão", ansiosas por ver novamente o seu lugar monástico natal e os rostos das irmãs da ilha , que também ficam felizes em ver novamente aqueles transplantados em outros lugares.
Experiência essa – que nunca imaginei que teria! – parece-me que pode ter uma relevância benéfica na missão da Igreja, acompanhar os homens deste tempo, tantas vezes desorientados e dilacerados por conflitos sangrentos, rumo à meta da salvação. Com efeito, quando a vida espiritual é fecunda, dá testemunho do amor de Deus que não se cansa de oferecer aos homens sinais concretos da sua Presença.
Penso e digo isto, porém, com tremor, sabendo muito bem que nós, seus instrumentos, somos vasos de barro, vasos frágeis usados ​​para guardar o grande tesouro da graça divina. Temos consciência também de que somos pequenas sementes que devem aceitar a morte no solo da humildade, da abnegação, pois não existe nada que esteja destinado à plenitude da vida eterna, que não surja do mistério da Cruz-Ressurreição de o Senhor Jesus Cristo.
Nos mosteiros, de facto, a realidade escatológica é antecipada – e de certo modo tornada visível – a pura alegria dos bens eternos desfrutados na comunhão dos santos, na imensa comunidade que incessantemente dá graças e glória a Deus com louvor perene. Isto tem a sua expressão musical mais elevada no silêncio contemplativo do amor, que faz com que sejamos um com Deus e com todos os que vivem Nele.
Onde quer que se encontrem, os mosteiros constituem, portanto, para todos os homens que viajam pela história e muitas vezes distraídos e desorientados, um sinal da direcção certa para o objectivo bendito a alcançar, superando todas as armadilhas colocadas pelo espírito do mal que pode ser vencer somente a partir do combate espiritual com as armas da fé, da Palavra de Deus, da oração.
É, portanto, motivo de gratidão a Deus e consolação para nós ouvirmos muitas vezes tantas pessoas abençoando e agradecendo pela ajuda que encontram ao se aproximarem de cada uma dessas comunidades de oração nascidas de nossos esforços duradouros e amados, apoiados pela graça do Senhor, eternamente fiel às suas promessas.